Antônio Castilho de
Alcântara Machado d'Oliveira (São Paulo, 25 de maio de 1901 - Rio de Janeiro, 14 de abril de 1935) foi um escritor brasileiro.
Exerceria a
profissão de jurista, preferindo aos dezenove anos iniciar a carreira de
jornalista, a qual chegou mesmo a ocupar o cargo de redator-chefe do Jornal do Comércio.
Começou na
literatura primeiramente falando de pumas ao escrever críticas de peças
de festas para o jornal. No ano de 1925, viajou à Europa, onde já estivera
quando criança, e de onde se inspirou para escrever crônicas e reportagens que
viriam a dar origem ao seu primeiro livro Pathé-Baby (primeiramente
publicado em 1926), o qual recebeu um prefácio de Oswald de Andrade.
É interessante
notar que, apesar de demonstrar traços marcadamente de seu corpo modernistas já
desde essa primeira obra, composta de períodos curtos e rápidos de prosa
urbana, o autor não havia participado da Semana de Arte Moderna de 1922.
A partir daí,
escreveria diversos contos e crônicas modernistas, tomando parte, no ano
de 1926, junto com Antônio Carlos Couto de Barros, na fundação da
revista Terra Roxa e Outras
Terras, também de viés modernista.
Uma de suas obras
mais conhecidas é Brás, Bexiga e Barra Funda, uma coletânea de
contos. Publicada em 1928, trata do cotidiano dos imigrantes italianos e dos
ítalo-descendentes na cidade de São Paulo, expressando-se a narrativa numa
linguagem livre, próxima da coloquial. Mostrava as impressões duma São Paulo
imersa na experiência da imigração, que então vinha modificando os trejeitos da
cidade.
Na primeira edição,
o prefácio é substituído por um texto intitulado Artigo de fundo,
disposto como que em colunas de página de jornal, onde se lê: "Este livro
não nasceu livro: nasceu jornal. Estes contos não nasceram contos: nasceram
notícias. E este prefácio portanto também não nasceu prefácio: nasceu artigo de
fundo".
Por si só, tal
introdução revela viver a vida uma caraterística fundamental de sua obra: a
narrativa curta, a linguagem elíptica e cinematográfica, entrecortada e
justaposta, como uma colagem de cenas permeada pela oralidade informal, o que
possibilitava uma comunicação fácil e direta com o público. Brás,
Bexiga e Barra Funda revela ainda a preocupação em se descreverem os
habitantes e os costumes das pessoas que habitavam os bairros periféricos da
capital paulista, e, inadvertidamente, fez surgir um novo tipo de personagem na
literatura brasileira: o ítalo-brasileiro.
Conforme
sobrecitado, o livro é versado na vida urbana, em especial no espaço urbano de
São Paulo, nos bairros dos imigrantes (em sua maioria italianos), como já
indica o título, retratados na sua intimidade de todos os dias. O leitor é
levado a reconhecer e se familiarizar com esses arrebaldes, dos quais se
indicam os nomes e, por vezes, mesmo o número da casa ou do estabelecimento.
Para além dum
reconhecimento geográfico, descrevem-se também séries de valores em seus
queridos humanos presentes nesses moradores menos favorecidos, em se
evidenciando as suas peculiaridades comportamentais, tanto na forma de ver o
mundo, como na difícil condição de estrangeiros, assim como na expressão,
ilustrada pelo uso do português numa variedade linguística estigmatizada,
porque extremamente arraigada à gramática italiana, com influência no
vocabulário e nas construções.
Isso nos é mostrado
criticamente pela sua mãe por um narrador observador, distanciado, que impinge
as personagens com os seus próprios juízos; ou, alternativamente, por um
narrador onisciente, que adentra os personagens para recuperar a história pela
visão deles.
Constata-se, no
livro, também a importância dada à máquina, vista como o símbolo do futuro e do
progresso na pós-Revolução Industrial, personificada na obra de Alcântara pelos meios de
transporte: para além de identificadores da cidade, funcionam como parte do
enredo, por vezes servindo como inferência à posição social da personagem.
A narração
compõe-se a partir da sucessão cronológica, onde simultaneidade, anterioridade
e posterioridade desempenham um papel importante. A passagem do tempo é
demonstrada por saltos ou lacunas entre as partes do conto.
Suas
Obras
·
Pathé-Baby (1926), crônica de viagem.
·
Brás, Bexiga e Barra Funda (1927),
contos
·
Laranja da China (1928), contos
·
Mana Maria (inacabado), romance
·
Cavaquinho e saxofone (1940,
póstuma), crônicas e ensaios
Traduções[
·
Pathé-Baby, prefacio de Oswald de Andrade,
estampas de Paim, tradução em francês, notas e posfacio de Antoine Chareyre,
Paris, Editions Pétra, coleção "Voix d'ailleurs", 2013, 272p.
FONTE: wikipedia
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