Vila Zelina é um bairro no distrito de Vila Prudente, na cidade de São Paulo considerado o leste europeu paulistano..[1]
História
Não se sabe ao certo a data em que a Vila Zelina foi oficialmente fundada. Porém, sabe-se que em Outubro de 1927 já havia resquícios de moradores imigrantes eslavos ou, pelo menos, pessoas que transitavam por esta região, conhecida ainda no século 19como Baixos do Embauba. Cláudio Monteiro Soares Filho, um dos proprietários de grande parte dessas terras, resolveu então lotear o espaço em 1927 e vender, para que se povoasse o local, já que em Vila Prudente, bairro vizinho, as fábricas e a atividade comercial já eram latentes.
Porém, como Monteiro Soares Filho não tinha muito tino para a venda, delegou esta função a um imigrante russo recém-chegado, Carlos Corkisko, que instalou uma espécie de escritório no lugar onde hoje funciona uma das filiais da rede de fast-food Santa Coxinha, bem no Largo de Vila Zelina. Moradores da região, contudo, afirmam que o vendedor era lituano e de ascendência também lituana.Seu sobrenome estava escrito no idioma russo, tendo em vista que, em 1918 a república lituana estava sob domínio russo, seu sobrenome em lituano é Korsiski. Ao que tudo indica, ele foi escolhido como vendedor imobiliário por ser poliglota e poder fazer negócios tanto com russos, quanto com lituanos e imigrantes de origens étnicas nos demais países do Leste Europeu que povoaram a região [2].
A maioria dos imigrantes oriundos do leste europeu como poloneses, húngaros, búlgaros e ucranianos, entre tantas nacionalidades que chegaram ao local, deixaram suas terras natais devido às mazelas provocadas pela Primeira Guerra Mundial e também pela Revolução Bolchevique de 1917 na Rússia que se espalhou por todo leste europeu.[3] Na década de 1940, houve uma segunda leva de imigração de russos e de lituanos quando, em decorrência do domínio soviético na região, muitas pessoas deixaram sua terra natal num movimento migratório forçado dos deslocados de guerra quando chegaram no bairro.[2]
Ao longo da década de 1920 do Século XX, vieram os imigrantes do leste europeu poloneses, húngaros, búlgaros, russos , romenos, lituanos, letos, tchecoeslovacos, ucranianos , estonianos, eslovenos , iugoslavos , bielorrussos adquiriram terrenos e construíram suas casas no loteamento que se encontrava no bairro. Entre eles destacam-se os que vieram da Lituânia e [2]da Rússia cujas comunidades sociais e religiosas são ativas até hoje na região. Ambas se organizaram em associações religiosas, culturais e esportivas e procuraram manter suas raízes, cada qual celebrando sua religião, sua língua e sua cultura.[2]
No local , os imigrantes nstalaram diversos comércios, por exemplo, vendas de secos e molhados, lojas, padarias onde faziam o famoso Pão Preto, também uma contribuição desses povos para à gastronomia paulistana.[4]
No que tange à arte culinária, os imigrantes trouxeram alimentos tradicionais, ainda hoje elaborados pelas rotisseries da região, como Vareniki (em russo), Virtinai (em lituano), Piroghi (em ucraniano), Borsch (sopa de beterraba russa), repolho e pepino curtidos e o arenque defumado. Além disso, mantiveram a tradição do artesanato, onde se destacam as pinturas com motivos ucranianos em porcelana, arte em madeira, ovos pintados e bordados típicos etc.[5]
Quando se iniciou o bairro e os imigrantes começaram a se mudar, muitos sentiram a necessidade da construção de um lugar para que todos tivessem um apoio espiritual.
Enquanto, em 1931,foi construída a primeira igreja ortodoxa russa de São Paulo, em terreno doado pela família Giacolini, na região que hoje é conhecida como Vila Zelina, em 1934 Cláudio Monteiro Soares Filho fez a doação de um terreno à Comunidade Lituana Católica Romana de São José. Com a ajuda de toda a comunidade, a igreja foi construída em tempo recorde, em apenas 2 anos[2]. Além do terreno, Monteiro Soares Filho doou parte de seu lote central e mais 80 mil tijolos para que a comunidade, em sua maioria católica lituana, construísse a Igreja. Anteriormente a esta época, haviam sido instaladas a Igreja Batista Boas Novas e a Igreja Ortodoxa Vila Zelina, ambas fundadas por famílias russas.[6]
Ainda sobre a construção da Igreja São José de Vila Zelina, que foi a primeira igreja católica romana lituana no bairro, há a informação de que foi construída em 1936 por Augusto Arruda Botelho em terras doadas pela senhora Zenóbia Alvarenga Monteiro Soares e pelo Coronel José Pires de Andrade, que havia sido o loteador de parte da Vila Zelina, entre outros bairros de São Paulo.[8] Antes da Igreja São José de Vila Zelina já constatou-se a presença de Igreja Batista Boas Novas fundada pela Comunidade Russa e Eslava da época.
Nesta região temos atualmente[quando?] três igrejas ortodoxas russas(sendo uma delas do rito antigo) e na década de 1940 a 1950 havia uma quarta igreja Ortodoxa Russa na esquina de Rua Barão de Juparaná com a Avenida Zelina, fechada durante o auge da ditadura militar, por associação dos russos (soviéticos, à época) como o Comunismo da extinta URSS e da Cortina de Ferro. Na Rua Pitinga existe também uma Igreja Evangèlica (Assembléia de Deus Russa) cuja família fundadora fora do célebre Roberto Minczuk maestro de ascendência ucraniana.
Ao longo da avenida principal do bairro e nas proximidades dessa avenida, a Av.Zelina, há marcas da presença lituana na região nos nomes de lugares e nos nomes dos comércios. Há, por exemplos, a "rua Meru" que presta homenagem a um rio lituano a imobiliária Lituânia ee a imobiliária Kaunas, cujo nome homenageia uma importante cidade lituana.[2] Próximo ao largo há um bar de temática lituana e, recentemente, uma pizzaria com receitas da culinária russa também surgiu.
Atualidade
Muitos moradores ainda guardam tradições antigas de seus países de origem em diversos aspectos. Muitas residências e principalmente o comércio estão ao longo da principal avenida do bairro, a Avenida Zelina.
No dia 27 de outubro comemora-se anualmente o aniversário de fundação do Bairro de Vila Zelina. Nesse dia comemora-se também o dia do Imigrante Leste Europeu, em homenagem a esta região leste européia de Vila Prudente composta por Vila Bela, Vila Alpina, Quinta da Paineira, Jardim Avelino, Vila Lúcia, Vila Zelina e Parque Vila Prudente.
Mensalmente a Associação dos Moradores , Comerciantes, Empresários e Amigos do Bairro de Vila Zelina e adjacências - AMOVIZA, realiza a Feira Cultural Leste Européia de São Paulo onde são ofertados produtos artesanais da região e culinária típica dos países do leste europeu além de oficinas culturais onde uma delas realizada próximo a Páscoa é a tradição da pintura dos ovos de Páscoa que é uma tradição dos povos do leste europeu. A Profa. Márcia Tuskenis há anos vem realizando voluntariamente oficinas gratuítas abertas ao público de pintura de ovos com motivos leste europeus durante esta edição pascal da Feira.
No centro da Vila Zelina está a Praça República Lituana, onde há um monumento em homenagem à independência do país em 1918, quando se desvencilhou do domínio russo. O bairro possui ainda a Praça Imigrante do Leste Europeu, localizada entre a R.Dr. Deodato Ferreira Leite / R. Ciclames e a Praça Pushkin em homenagem ao célebre escritor e poeta russo Alexander Sergueyevitch Pushkin, as quais homenageiam as treze comunidades de imigrantes dos países do leste europeu como lituanos, ucranianos, bielorrussos, húngaros, búlgaros, croatas, eslovenos, estonianos, tchecos, russos, letões, poloneses e romenos que ajudaram a colonizar o bairro. Convém lembrar que húngaros e romenos, apesar de fazerem parte do antigo Leste Europeu, não podem ser considerados povos eslavos por terem outras origens, como no caso da Romênia, a latina. Já a Hungria tem como povo originário o magiar. Seria como se chamássemos os letões e lituanos de escandinavos por causa da localização destas repúblicas bálticas ser no norte da Europa, por exemplo, mesmo sabendo que a Estônia (república báltica) possui laços culturais com a vizinha Finlândia. [
Fonte: AMOVIZA , WIKIPEDIA
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