terça-feira, 22 de janeiro de 2019

homenagem aos 465 anos da cidade de São Paulo-foto antiga da Rua do Arouche-1910-bonde com letreiro escrito Cidade.

Foto da rua Arouche-1910-facebook Memória do Transporte Coletivo de São Paulo-MTCSP

Bandeira do Município de São Paulo e seu significado.

Bandeira da cidade de São Paulo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Saltar para a navegaçãoSaltar para a pesquisa
Bandeira da cidade de São Paulo
Bandeira da cidade de São Paulo
Aplicação
FIAV 110000.svgFIAV normal.svg
Proporção7:10
Adoção6 de março de 1987
Cores
 Branco
Ouro
 Preto
 Verde
 Vermelho
DescriçãoBandeira retangular, de branco, com uma cruz vermelha, firmada, aberta e de braços alargados, da Ordem de Cristo, tendo, brocante sobre o cruzamento de seus braços, um círculo de branco, debruado de vermelho, carregado do brasão de armas do município.
bandeira do município de São Paulo, juntamente com o brasão e hino[nota 1], constituem os símbolos do município de São Paulo [nota 2]. A bandeira paulistana é retangular branca, nas proporções de 14:20 (altura:comprimento) e traz a Cruz da Ordem de Cristo em vermelho em braços alargados e ostenta o brasão do município no centro sobre círculo de branco que está debruado de vermelho.
Foi instituída em 5 de março de 1987 pelo prefeito Jânio Quadros através da lei 10.260, sendo posteriormente regulamentada através do Decreto nº 23668/1987 e alterada pelas leis lei nº 13331/2002 e nº 14.472/2007, mas sempre mantendo o formato original. Antes dela, a bandeira era toda branca com o brasão da cidade ao centro.[1]
A atual composição da bandeira, das cores utilizadas e seus significados são dados pelo artigo 6º da lei nº 14.472/2007. Essa mesma lei, também consolida a legislação municipal sobre honrarias e símbolos, como brasão e o hino.[2]

Composição

A feitura da bandeira é especificada no parágrafo primeiro do artigo 6º da lei nº 14472/2007, a saber:
§ 1º. Tem a Bandeira 14m (quatorze módulos) de altura por 20m (vinte módulos) de largura; os braços da cruz têm 3m (três módulos) de largura, 8m (oito módulos) na parte mais larga, principiando o alargamento a 1,5m (um módulo e meio) de distância das extremidades; a abertura tem 1m (um módulo) de largura e a linha mediana do braço vertical se situa a 7m (sete módulos) de distância da tralha; o círculo tem 8,5m (oito módulos e meio) de diâmetro, o debrum tem 0,3m (três décimos de módulo) de largura e o Brasão de Armas, ao centro do círculo, 6m (seis módulos) de altura (Anexo 4).[3]
O parágrafo segundo fornece a interpretação da bandeira, já citado anteriormente. E por fim, os parágrafos terceiro e quarto dispõem sobre os tamanhos para confecção da bandeira.

Cores

As cores utilizadas na bandeira não possuem suas tonalidades especificadas em leis. No entanto, o manual de identidade visual da prefeitura de São Paulo especifica as seguintes cores para feitura do brasão municipal [4]:
CorCMYKRGBHexadecimalPantone
0/15/100/0255/212/0FFD400108 C
100/0/100/00/144/54009036347 C
0/100/100/0226/0/26E2001A485 C
0/0/0/10025/23/2719171BProcess Black C
Em algumas publicações da prefeitura é possível encontrar a armadura prata e a divisa em prata coloridas com cinza , em contradição a heráldica tradicional, que usa o branco para representar a prata. Para esse cinza o códico cromático é: CMYK 0/0/0/20; RGB: 217/218/219 (D9DADB hexadecimal); Pantone Cool Gray-2C.[4]

Significado

O branco simboliza a paz, a pureza, a temperança, a verdade, a franqueza, a integridade, a amizade e a síntese das raças que, amalgamadas, dão pujança à cidade de São Paulo, e a cor vermelha é indicativa de audácia, coragem, valor, galhardia, intrepidez, nobreza conspícua, generosidade e honra. A cruz evoca a fundação da Cidade à sombra do Colégio dos Padres Jesuítas e, por ser a da Ordem de Cristo, alude aos primórdios da colonização do Brasil, época em que surgiu São Paulo. É o círculo emblema da eternidade, afirmando ânimo de que se investem os munícipes de defender a perene posição de São Paulo como Capital e Cidade Líder de seu Estado.
A divisa NON DVCOR DVCO quer dizer Não sou conduzido, conduzo, e valoriza a independência das ações desenvolvidas pela cidade e seu papel de liderança no estado e no país.

Histórico

A primeira bandeira (c. 1603 - c. 1700/1815)

Bandeira histórica, não oficial actualmente Bandeira com o símbolo da Ordem de Cristo.
A primeira referência que se têm sobre às bandeiras paulistas vem das expedições desbravadoras que o povo desta então capitania realizou, partindo da capital muitas vezes entre o século XVI e XVII, não por acaso denominadas, genericamente de bandeiras, e seus membros eram os bandeirantes, as suas expedições aumentaram consideravelmente o espaço geográfico do Brasil. O termo bandeirantes se deve ao fato das expedições serem sempre conduzidas por uma bandeira com as insígnias representativas do chefe da expedição ou mesmo a bandeira da Cruz de Cristo, conforme consta do brasão da cidade de São Paulo e do Estado de Mato Grosso.[5]
O autor Benedito Bastos Barreto lembra em sua obra de referência sobre o assunto que "no começo do século, em 1603, não existia em São Paulo nenhuma bandeira da cruz da Ordem de Cristo" mas que no começo deste citado ano foi requerida uma bandeira para Câmara. De se lembrar que neste tempo Portugal estava anexado à Espanha e que os bandeirantes paulistas, indiferentes aos impactos das crises internas de Portugal, ostentavam tal bandeira "nas matas nunca d'antes desbravadas" com a mesma naturalidade daqueles que as ostentavam em suas caravelas quando singravam os "mares nunca d'antes navegados".[5]

Período Real (1815 - 1822) e Imperial (1822 - 1889)

Bandeira histórica, não oficial actualmente Bandeira do Senado da Câmara de São Paulo.
Assim como a cidade do Rio de Janeiro, São Paulo também registra bandeiras na época do Reino Unido e do Império, o que se verifica é que as referidas bandeiras, em forma trapezoides ou quadradas, como no caso de São Paulo, eram bandeiras do Senado da Câmara, um equivalente à Câmara de Vereadores, instalava-se juntamente com a criação de vilas e cidades, seguindo as orientações contidas nas Ordenações Manuelinas e Filipinas, era um órgão consultivo, legislativo e judiciário.[5]
Atuavam como representante dos interesses da população, de sua composição faziam parte os “homens de bem”, isto é, pertencentes à nobreza, ao clero e à milícia, sendo chamados de oficiais devido ao fato de cada membro possuir um encargo.[5]
A bandeira paulistana tinha um brasão português, em estilo barroco, bem ornamentado, tendo por timbre uma corôa real em um campo azul. Existem registros de que este ficou sendo o símbolo paulistano até a proclamação da república.[5]
Há também uma referência a essa bandeira de Clovis Ribeiro, em seu livro, de 1933, "Brazões e Bandeiras do Brasil":[6]

1950 - 1974

Bandeira histórica, não oficial actualmente Bandeira de São Paulo, em 1950.
O brasão do município de São Paulo foi criado oficialmente pelo ato Municipal nº 1057, de 8 de março de 1917, sendo assim descrito pela citada norma:
“Escudo português de goles com um braço armado movente do flanco sinistro empunhando um pendão de quatro pontas farpadas ostentando uma cruz de goles, aberta em branco sobre si, da Ordem de Cristo, içada em haste lanceada em acha d’armas, tudo de prata. Encima o escudo a coroa mural de ouro, de quatro torres, com três ameias e sua porta cada uma. Suportes: dois ramos de café, frutificados, de sua cor. Divisa: "Non ducor duco”, de goles, em listão de prata".
Nos anos de 1950 era usada, extra-oficialmente, como bandeira paulistana o referido brasão em um pano branco. Como o brasão apresentava diversas falhas heráldicas, como por exemplo, apresentar a coroa mural com três torres visíveis, ao invés de cinco, como no caso de município sede de comarca o mesmo foi refeito.

1974 - 1987

Bandeira histórica, não oficial actualmente Bandeira de São Paulo, em 1974.
Pela Lei nº 8.129 de 2 de outubro de 1974, o brasão do Município de São Paulo foi alterado para melhor atender aos requisitos heráldicos:
“Escudo português de goles, com um braço armado, destro, movente do flanco sinistro, empunhado um pendão de quatro pontas farpadas, ostentando uma cruz de goles, aberta em branco sobre si, da Ordem de Cristo, içada em haste lanceada em acha de armas, tudo de prata. Em cima o escudo, coroa mural de ouro, de oito torres, contendo em cada torre, três ameias, duas janelas e uma porta. Suporte: dois ramos de café de sua própria cor. Divisa: “NON DVCOR DVCO”, de goles, em um listão de prata.”
Incrivelmente, o município de São Paulo, ainda não tinha, nesta época, uma bandeira oficial, extra-oficialmente, ainda era usada como bandeira paulistana o brasão centrado sobre em um pano branco.

Notas

  1.  São Paulo ainda não possui um hino municipal oficial, apesar do artigo 15 da lei nº 14.472/2007 dispor sobre a criação de um concurso para escolha do Hino à Cidade de São Paulo. Além disso, segundo o capítulo V da mesma lei, são hinos oficiais do município: o hino à Negritude; o hino da Moóca; o hino da Zona Leste; e o hino de Interlagos.
  2.  Conforme especifica o artigo 4º da lei nº 14.472/2007.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Pateo do Colégio-onde nasceu a cidade de São Paulo-465 anos -a história da aldeia que se tornou metrópole.

Foto:Facebook Pateo do Collegio
Complexo Cultural, Histórico e Religioso. Local de nascimento da cidade de São Paulo, que desde sua última reformulação (1954 à 1979) consolida-se como Memorial da Companhia de Jesus (ordem religiosa dos padres Jesuítas) na capital.

Período colonial

Antecedentes

Em 1532Martim Afonso de Sousa funda, no litoral de São Paulo, a primeira vila brasileira, São Vicente. Donatário da capitania de São Vicente, Martim Afonso incentiva a ocupação da região e outras vilas são criadas no litoral (Itanhaém1532Santos1546). Poucos anos depois, vencida a barreira representada pela serra do Mar, os colonizadores portugueses avançam pelo planalto Paulista, estabelecendo novos povoados. Em 1553João Ramalho, que vivia no planalto desde antes da criação de São Vicente, funda a vila de Santo André da Borda do Campo, situada no caminho do mar (atual região do ABC paulista). Explorador português, João Ramalho era casado com a índia Bartira. Esta, por sua vez, era filha do cacique Tibiriçá, chefe da tribo dos tupiniquins.[1] João Ramalho encontrava-se, dessa forma, apto a exercer a função de intermediário dos interesses portugueses junto aos indígenas.

Fundação


Fundação de São Paulo, 1913. Pintura de Antônio Parreiras.
Interessado em estabelecer um local onde pudesse catequizar os indígenas longe da influência dos homens brancos[2], o padre Manuel da Nóbrega, superior da Companhia de Jesus no Brasil, observou que uma região próxima, localizada sobre um planalto, seria o ponto ideal, então chamado de Piratininga. Em 29 de agosto de 1553, padre Nóbrega fez 50 catecúmenos entre os nativos, o que fez aumentar a vontade de fundar um colégio jesuíta no Brasil.[3][4]
Embora a busca da catequese sem a influência do homem branco fosse um objetivo, o que precipitou a mudança para o planalto foi a necessidade de resolver o problema de alimentação dos indígenas que estavam sendo doutrinados, como afirma o padre Anchieta[5].:
Em janeiro de 1554, um grupo de jesuítas, comandado pelo padre Manuel da Nóbrega e auxiliado pelo igualmente jesuíta José de Anchieta[6], chega ao planalto, auxiliado por João Ramalho. Com o objetivo de catequizar os índios que viviam na região, os jesuítas erguem um barracão de taipa de pilão, em uma colina alta e plana, localizada entre os rios TietêAnhangabaú e Tamanduateí, com a anuência dos chefes indígenas locais, como o cacique Tibiriçá, que comandava uma aldeia de tupiniquins nas proximidades, e o chefe Tamandiba.[7] Em 25 de janeiro daquele ano, dia em que se comemora a conversão do apóstolo Paulo, o padre Manuel de Paiva celebra a primeira missa na colina. A celebração marcou o início da instalação dos jesuítas no local, e entrou para a história como o nascimento da cidade de São Paulo. Dois anos depois, os padres erguem uma igreja – a primeira edificação duradoura do povoado. Em seguida, ergueram o colégio e o pavilhão com os aposentos. Destas construções originais, resta apenas uma parede de taipa, onde hoje encontra-se o Pátio do Colégio.

Ao redor do colégio, formou-se uma pequena povoação de índios convertidos, jesuítas e colonizadores portugueses. Em 1560, a população do povoado seria expressivamente ampliada, quando, por ordem de Mem de Ságovernador-geral da colônia, os habitantes da vila de Santo André da Borda do Campo são transferidos para os arredores do colégio. A vila de Santo André é extinta, e o povoado é elevado a esta categoria, com o nome de "Vila de São Paulo de Piratininga". Por ato régio, é criada, no mesmo, ano, sua Câmara Municipal, então chamada "Casa do Conselho". É provavelmente nesse mesmo ano de 1560 que é criada a "Confraria da Misericórdia de São Paulo" (atual Santa Casa de Misericórdia).
Em 1562, incomodados com a aliança entre tupiniquins e portugueses, os índios tupinambás, unidos na Confederação dos Tamoios, lançam uma série de ataques contra a vila em 9 de julho,[8] no episódio conhecido como Cerco de Piratininga. A defesa organizada por Tibiriçá e João Ramalho impede que os tupinambás entrem em São Paulo, e os obriga a recuar, em 10 de julho do mesmo ano.
Ainda em 1590, com a iminência de um novo ataque a cidade novamente se prepara com obras de defesa, e é claro que nesse ambiente cheio de incertezas a prosperidade se torna impossível. Mas na virada do século XVII a situação se acalma e se consolida o povoamento, nas palavras de Alcântara Machado:
Afinal, com o recuo, a submissão e o extermínio do gentio vizinho, mais folgada se torna a condição dos paulistanos e começa o aproveitamento regular do chão. Deste, somente deste, podem os colonos tirar sustento e cabedais [bens materiais]. É nulo, ou quase nulo, o capital com que iniciam a vida. Entre eles não há representantes das grandes casas peninsulares [famílias do Reino], nem da burguesia dinheirosa. Certo que alguns se aparentam com a pequena nobreza do reino. Mas, se emigram para província tão áspera e distante, é exatamente porque a sorte lhes foi madrasta na terra natal. Outros, a imensa maioria, são homens do campo, mercadores de recursos limitados, artífices aventureiros de toda casta, seduzidos pelas promessas dos donatários ou pelas possibilidades com que lhes acena o continente novo[9].

Ocupação da Cidade

Desde o início, a ocupação das terras da cidade se deu de forma policêntrica, com diversos aldeamentos, principalmente jesuítas mas também de outras ordens eclesiásticas, em torno das quais iniciavam-se as aglomerações. A motivação mais natural para isso, em São Paulo, era o relevo da cidade, com muitos aclives e riachos. A organização urbana, da mesma forma que em toda a colônia, era centrada, administrativa e eclesiasticamente, nas paróquias. Cada paróquia era centrada em uma capela.[10]
A primeira paróquia foi, naturalmente, a Freguesia da Sé, fundada em 1589. Conforme os demais núcleos foram crescendo, eles desmembraram-se, com novas capelas ganhando status de paróquia. As paróquias desmembradas do centro foram[10]:
Além dessas, houve diversos aldeamentos mais distantes. Dentre eles, apenas dois prosperaram: o de Pinheiros e o de São Miguel, ambos fundados por José de Anchieta em 1560[10]. Diversos aldeamentos foram dizimados pela varíola, dentre os quais podemos citar: ItaquaquecetubaMboyItapecericaBarueriGuarapirangaCarapicuíbaIbirapuera e Guarulhos.[10]
São desta época os primeiros caminhos: o que ia ao Campo do Guaré (hoje chamado bairro da Luz) tornou-se a atual Florêncio de Abreu. Os outros dois dariam origem às hoje denominadas rua 15 de Novembro e rua Direita.
Também no século XVI são fundadas novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), a Igreja de Santo Antônio (ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento). Um viajante chegando à cidade nas primeiras décadas do século XIX veria algo como:
A base da alimentação nos primeiros tempos era formada pela canjica, ensinada pelo índio, e o angu de fubá ou de farinha de milho e de mandioca. Convenientemente que esses alimentos não precisavam de sal, que naquela época era raro. A mandioca, que era o principal alimento no início do aldeamento, foi aos poucos sendo superada pelo milho. O trigo, embora desse bem na região, não foi muito utilizado no início - apenas para hóstias e bolinhos - devido a facilidade de se obter a mandioca e o milho. Apenas nos primeiros anos do século dezessete que se iniciou uma produção maior de trigo, com pelo menos cinquenta plantadores de trigo no planalto e diversas licenças da Câmara para os moradores fazerem seus próprios moinhos.[11]
Além desses alimentos-base, poderia-se encontrar frutas bravas e selvagens, palmitos e outros alimentos encontrados nas roças dos índios[12], bem como muitas frutas européias como maçãs, pêssegos, amoras, melões e melancias.[13] A cultura da vinha também teve desenvolvimento nos primeiros anos, sendo que se encontrava sempre muito vinho na vila, a não ser quando os comerciantes espertos tentavam o açambarcamento. Esses vinhos muitas vezes eram utilizados como remédio, servindo de veículos para plantas medicinais. O mesmo se dava com a cachaça que era produzida na região.[11]
fonte wikipedia